Ouro e dólar foram os melhores investimentos de abril, que viu queda nas bolsas e títulos públicos; bitcoin recuou no mês do halving

O mês de abril não foi nada fácil para as bolsas, nem no Brasil, nem no resto do mundo. Os ativos de risco sofreram, e mesmo o bitcoin, que vinha numa toada positiva no ano, fechou o mês em baixa. Mas, enquanto uns choram, outros vendem lenços, e os melhores investimentos do mês foram justamente as proteções nos tempos difíceis: o ouro e o dólar.

Em abril, tensões geopolíticas e a alta dos juros futuros com temores em relação à política monetária americana derrubaram ações, fundos imobiliários e títulos públicos.

Tanto que alguns dos piores investimentos do ranking do Seu Dinheiro foram justamente os papéis do Tesouro Direto mais voláteis, os títulos Tesouro IPCA+ de prazos longos.

O Ibovespa fechou o mês em queda de 1,70%, aos 125.924 pontos, acompanhando as baixas nas bolsas americanas e europeias; e mesmo o Índice de Fundos Imobiliários (IFIX), que vinha apresentando um bom desempenho no ano, desta vez fechou em queda de 0,77%.

Os juros futuros mais altos e a força exibida pela economia americana impulsionaram o dólar mesmo ante divisas fortes. Frente ao real, a moeda americana se valorizou 3,53%, fechando a R$ 5,19, na cotação à vista, e R$ 5,17, na PTAX.

Já o ouro continuou sua trajetória de valorização diante de um momentâneo recrudescimento do conflito no Oriente Médio e das compras pelos bancos centrais do mundo, fechando em alta de 6,74% (na cotação do ETF brasileiro GOLD11) e sagrando-se o campeão do mês.

Na lanterna do ranking, porém, não foram nem os títulos públicos nem os ativos de bolsa que levaram o título de pior investimento do mês. Após um primeiro trimestre fortíssimo, este lugar foi ocupado pelo bitcoin, que caiu mais de 10% em reais em pleno mês do tão esperado halving.

Veja a lista completa dos melhores e piores investimentos do mês:

Os melhores investimentos de abril

Investimento Rentabilidade no mês Rentabilidade no ano
Ouro (GOLD11) 6,74% 18,24%
Dólar à vista 3,53% 6,98%
Dólar PTAX 3,53% 6,84%
Tesouro Selic 2027 0,89% 3,59%
CDI 0,89% 3,54%
Tesouro Selic 2029 0,86% 3,67%
Poupança antiga** 0,61% 2,31%
Poupança nova** 0,61% 2,31%
Índice de Debêntures Anbima Geral (IDA - Geral)* 0,17% 3,88%
IFIX -0,77% 2,12%
Tesouro Prefixado 2027 -0,89% -
Tesouro IPCA+ 2029 -1,68% -1,45%
Ibovespa -1,70% -6,16%
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2035 -2,27% -3,24%
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2040 -2,80% -4,06%
Tesouro IPCA+ 2035 -3,15% -5,48%
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2035 -3,43% -
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2055 -3,47% -5,95%
Tesouro Prefixado 2031 -3,61% -
Tesouro IPCA+ 2045 -4,49% -8,31%
Bitcoin -11,86% 53,48%
(*) Até dia 29/04. (**) Poupança com aniversário no dia 26.
Todos os desempenhos estão cotados em real. A rentabilidade dos títulos públicos considera o preço de compra na manhã da data inicial e o preço de venda na manhã da data final, conforme cálculo do Tesouro Direto.
Fontes: Banco Central, Anbima, Tesouro Direto, Broadcast e Coinbase, Inc..

Preço do ouro atingiu pico em ataque do Irã, mas reverteu alta

A primeira quinzena de abril foi marcada por uma escalada das tensões no Oriente Médio, que culminaram com um ataque de Irã a Israel.

O envolvimento direto dos iranianos no conflito era algo muito temido pelos mercados e foi um dos fatores que ajudaram no fortalecimento do ouro, um ativo que tende a funcionar como proteção contra o risco geopolítico.

Mas o impacto do ataque nos preços dos ativos de risco foi limitado, pois tratou-se mais de uma demonstração de força, uma ofensiva praticamente sem vítimas e sem escalada posterior.

Tanto que, desde então, os preços do ouro entraram numa trajetória de queda, embora não o suficiente para minar o bom desempenho do metal no mês.

Mas a valorização da commodity neste início de ano não se deve apenas ao risco geopolítico no mundo; um dos grandes motores dos seus preços é a compra movida por bancos centrais, notadamente o da China, que buscam se proteger contra a dominância do dólar nas relações comerciais e financeiras internacionais.

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Juros altos nos EUA penalizaram os ativos de risco

O que realmente impactou negativamente os mercados globais – e a bolsa brasileira – foi um aumento dos temores de juros altos por mais tempo nos Estados Unidos depois que dados de atividade econômica e inflação fortes surpreenderam os investidores em abril.

Com isso, as expectativas de início de corte de juros pelo Federal Reserve foram empurradas ainda mais para frente, e agora se concentram majoritariamente no fim do ano. Há no mercado quem tenha passado a esperar somente um corte de 0,25 ponto percentual neste ano.

Tais temores levaram os juros dos títulos do Tesouro americano (Treasurys) para cima, elevando também os juros futuros por aqui, e derrubando ações, fundos imobiliários e títulos públicos prefixados e indexados à inflação, que se desvalorizam quando as estimativas para as taxas sobem.

Ao mesmo tempo, o dólar se fortaleceu, com a perspectiva de que a remuneração dos Treasurys permanecerá atrativa ainda por um bom tempo.

A alta dos juros futuros no Brasil contou ainda com um empurrãozinho doméstico: o anúncio, por parte do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que a meta fiscal de 2025 não será de superávit, como era esperado, mas sim de déficit zero.

Tal previsão foi mal vista pelo mercado, pois abala a confiança no arcabouço fiscal do governo Lula, elevando o risco-país.

Todos esses fatores de pressão nos juros levaram as instituições financeiras a também revisarem para cima suas perspectivas para a Selic no fim do ano e no final do ciclo de cortes.

Ações com os melhores desempenhos do Ibovespa em abril

Empresa Código Desempenho no mês
Petrobras ON PETR3 18,66%
Petrobras PN PETR4 15,60%
IRB IRBR3 13,73%
JBS JBSS3 9,02%
Petz PETZ3 8,28%
Vale VALE3 4,04%
Weg WEGE3 3,53%
BRF BRFS3 3,43%
Cielo CIEL3 3,15%
Cemig CMIG4 3,06%
Fonte: B3/Broadcast

Ações com os piores desempenhos do Ibovespa em abril

Empresa Código Desempenho no mês
CVC CVCB3 -30,69%
Azul AZUL4 -25,23%
Magazine Luiza MGLU3 -24,44%
LWSA LWSA3 -21,23%
Grupo Soma SOMA3 -20,24%
Braskem BRKM5 -19,39%
Arezzo ARZZ3 -19,22%
Usiminas USIM5 -18,29%
Carrefour CRFB3 -18,05%
Yduqs YDUQ3 -17,99%
Fonte: B3/Broadcast

Bitcoin reverte movimento brilhante

Até o fim de março, o bitcoin havia acumulado uma valorização de 73% em reais no ano, motivado pelo apetite dos investidores institucionais depois que os ETFs à vista de bitcoin foram liberados nos Estados Unidos. Mas em abril, esse entusiasmo arrefeceu com o aumento da aversão a risco no mundo.

Outro suposto motivo da alta no primeiro trimestre era a perspectiva com o halving, evento que tende a reduzir a oferta de bitcoins no mercado ao diminuir a recompensa dos mineradores da criptomoeda, o que tende a impulsionar seus preços.

Mas, em abril, mês em que ocorreu o halving, o evento em si teve pouco efeito sobre o preço do bitcoin.

VEJA TAMBÉM: O choque de realidade de CAMPOS NETO: como ficam BOLSA e RENDA FIXA? I PODCAST TOUROS E URSOS

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Sr. Lobo

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