Um ponto turĂstico viral no TikTok, um destino que o Instagram todo jĂĄ postou, um roteiro feito pelo Chat GPT… para o viajante de luxo, esses sĂŁo os maiores alertas vermelhos na hora de planejar uma viagem.
Para quem estĂĄ acostumado a gastar muitos milhares em uma simples escapada, uma curadoria feita artificialmente e locais lotados pelo efeito manada das redes sociais sĂŁo sinĂŽnimo de roubada.
Na verdade, quando o assunto sĂŁo viagens de alto padrĂŁo, quanto mais personalização e mais experiĂȘncias Ășnicas e autĂȘnticas no itinerĂĄrio, melhor.
Esta foi a conclusĂŁo do Luxury Travel Report, um estudo feito pela marca Preferred Hotels & Resorts, em parceria com a empresa de pesquisas The Harris Poll.
O relatĂłrio ecoa alguns dos resultados obtidos em outras pesquisas feitas sobre o turismo de luxo.
O conforto nĂvel 5 estrelas e a sofisticação ainda sĂŁo importantes para os viajantes de alto padrĂŁo, mas um serviço de altĂssima qualidade jĂĄ nĂŁo justifica um destino massificado.
Os turistas endinheirados querem autenticidade, roteiros personalizados, com passeios diferenciados, e experiĂȘncias de bem-estar, como revelou o AnuĂĄrio de TendĂȘncias de Luxo 2025, feito pela ILTM (International Luxury Travel Market) em parceria com o Panrotas e TRVL LAB, divulgado no final do ano passado.
Sobretudo, esse pĂșblico ainda quer viajar — e viajar muito. Mas nĂŁo quer fazer qualquer tipo de viagem.
Segundo o Luxury Travel Report, os viajantes de luxo tĂȘm, em mĂ©dia, oito viagens planejadas para 2025, sendo trĂȘs para destinos internacionais. Mais de 50% projetam que vĂŁo gastar mais com viagens do que no ano passado.
A pesquisa foi feita com 500 viajantes dos Estados Unidos, com renda anual superior a US$ 250 mil, patrimĂŽnio mĂnimo de US$ 1 milhĂŁo e gasto mĂnimo de US$ 10 mil por ano com viagens de lazer.
Saem os algoritmos, entram os consultores de viagem
Nada de roteiros genĂ©ricos, hotĂ©is sem personalidade e experiĂȘncias massificadas. O estudo mostra que a padronização das viagens Ă© mal vista pelos turistas de alto padrĂŁo.
Esse comportamento se insere em um contexto de ascensĂŁo da “dupe culture” (cultura das rĂ©plicas) e dos roteiros criados por algoritmos, que fazem parecer que todas as viagens, cidades e hospedagens sĂŁo iguais.
Por esse motivo, quase 75% dos entrevistados afirmam que nĂŁo pagariam por acomodaçÔes que pareçam genĂ©ricas. AlĂ©m disso, cerca de 70% disseram que muitos hotĂ©is de luxo perderam o seu “espĂrito” na tentativa de se padronizarem.
Nesse contexto, faz sentido que 64% dos viajantes prefiram pegar dicas de moradores locais em vez de serviços de concierge baseados em inteligĂȘncia artificial ou guias digitais.
Menos influenciadores, mais consultores especializados
Ă tambĂ©m por causa disso que os consultores de viagem tĂȘm ganhado cada vez mais prestĂgio entre esse pĂșblico. 84% concordam que um consultor de confiança vale muito mais do que o mundo de conhecimento ilimitado disponĂvel na internet.
Se, por um lado, os influenciadores de turismo e os perfis de viagem ganham milhares de seguidores, visualizaçÔes e são chamados para publicidades, por outro, eles não agradam muitos dos viajantes do topo da pirùmide: 40% revelaram que ficam menos propensos a fazer reservas em acomodaçÔes jå indicadas por influencers.
A visĂŁo da maioria Ă© a seguinte: as melhores experiĂȘncias de viagem nĂŁo sĂŁo encontradas em um perfil de Instagram ou em um vĂdeo com milhĂ”es de views no TikTok.
A busca pela autenticidade nas viagens
Seguindo esta mesma linha de pensamento, Ă© fĂĄcil entender por que muitos turistas tĂȘm ido atrĂĄs de atividades de maior conexĂŁo com as vivĂȘncias locais.
O estudo revela que mais de 90% buscam experiĂȘncias que proporcionam uma imersĂŁo em em histĂłria e cultura, em estadias “ricas em tradição”. AtĂ© mesmo viagens atrĂĄs das raĂzes familiares estĂŁo ganhando popularidade, algo retratado com maestria no filme A Verdadeira Dor, que faz um tour geracional pela PolĂŽnia.
Em suma, o novo comportamento desse pĂșblico viajante estĂĄ baseado em postar menos e viver mais — e com mais presença.
Nas palavras do relatĂłrio, “os viajantes de luxo buscam experiĂȘncias raras e autĂȘnticas que mudem fundamentalmente sua visĂŁo de mundo e criem memĂłrias duradouras.”
Esta visĂŁo Ă© corroborada por especialistas, como Gabriel Leite, co-fundador da Singular Luxury Travel, e Carla Palermo, co-fundadora da Nova Safari e da OMM Journeys — todas agĂȘncias de turismo de luxo brasileiras.
“O luxo hoje em dia nĂŁo Ă© mais o produto. O luxo Ă© vocĂȘ ter um tipo de experiĂȘncia diferente, que vai te agregar em termos de conhecimento, Ă© voltar de uma viagem transformado”, diz Gabriel.
Palermo explica que, hoje em dia, pensar em uma viagem de luxo não é necessariamente pensar em hotéis com decoraçÔes pomposas e suntuosas, quase palåcios.
“As viagens de luxo estĂŁo muito mais conectadas com vocĂȘ ter tempo de qualidade, poder fazer pausas na sua vida corrida e poder se conectar de forma realmente autĂȘntica com as experiĂȘncias daquele lugar”, opina.
Fidelidade: o trunfo das empresas de turismo?
Por fim, o Luxury Travel Report tambĂ©m traz um insight importante para o setor hoteleiro: os viajantes de alto padrĂŁo valorizam os programas de fidelidade — tanto pela questĂŁo financeira quanto pelos princĂpios de “personalização, cuidado humano e consistĂȘncia.”
Em meio a uma pressão de custos, estas iniciativas ajudam os viajantes a manter o alto padrão de hospedagens, sem ficar reféns das incertezas macroeconÎmicas mundiais.
Além disso, muitos (82%) enxergam estes programas como um sinal de qualidade da hospedagem.
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